20 de março de 2010
A Campanha da Fraternidade deste ano nos provoca a buscarmos uma economia que favoreça a vida das pessoas. A teoria da economia de comunhão foi lançada no Brasil por Chiara Lubich, em 1991, e hoje já está presente em mais de 140 países. É, na realidade, uma proposta à fraternidade e à comunhão vivida no setor econômico, superando o conflito entre capital e trabalho, pois são milhares de pessoas incentivadas a sair da situação de pobreza por meio da partilha, responsabilidade, reciprocidade e gratuidade. É um projeto que visa à partilha dos lucros que deve atender a três objetivos: manter e fazer crescer a própria empresa, socorrer os necessitados e formar pessoas com mentalidade fraterna e solidária.
Trago uma breve experiência relatada por Dayse Mulaski, da empresa Pet Show, de Ponta Grossa/PR, que narra: “Quem me encorajou para a abertura da empresa foi Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. A oportunidade aconteceu em 1998. Estava aposentada, quando conversei com um amigo da família, que procurava um sócio para abrir um pequeno comércio atacadista de ração para grandes animais. Em junho de 1999, conversando com um fornecedor, ele falou sobre pet shop e suas características, e que era um mercado em plena expansão em São Paulo. Dizia que eu devia encarar, pois seria a pioneira na cidade, visto que não havia nenhum negócio com o perfil de pet shop.
“Sou medrosa, mas enfrento os desafios, transformei gradativamente o comércio atacadista em varejista e em pet shop. Cada dia que passa, percebo com mais força que tudo é de Deus. Ele conduz, mantém e leva para frente. Sou apenas instrumento e canal, que acolhe e diz sim às oportunidades, para ser farol do projeto da economia de comunhão. Em novembro de 2004, recebi proposta de instalar a loja no primeiro shopping da cidade. Em princípio, não me interessei, pois a empresa ia bem, estava tudo bem acomodado. Porém, me lembrei de uma frase de Chiara Lubich, que dizia: ‘Ir adiante com ardor e coragem de pioneiros para que se realizem os desígnios de Deus, como modelo e estímulo de todo o projeto no mundo’.
“Nosso objetivo sempre foi gerar fraternidade, onde procuramos atender às pessoas como se tivessem somente elas para atender, cuidar do animalzinho, mas, principalmente, oferecer a disponibilidade de ouvir as pessoas. Essa qualidade é reconhecida o suficiente para que a loja seja referência na cidade e região, fato comprovado pelo hábito de clientes frequentadores de pet shop da concorrência e de cidades vizinhas, inclusive da capital, buscarem nossos serviços quando pretendem algum cuidado diferenciado. O sucesso e êxito da empresa estão alicerçados na determinação, garra e perseverança nas horas difíceis e na possibilidade de ser farol para dar visibilidade ao projeto de economia de comunhão que me serve de estímulo, impulso e motivação para continuar crescendo e gerando empregos. Neste momento, estou convencida de que cada funcionário, cada cliente, cada fornecedor e cada animal são pretextos para eu escrever minha história de cada dia”.
Nesta experiência, certamente não faltaram dificuldades, mas tudo foi vencido na força da fé e na inspiração evangélica de um novo estilo de economia. Com o uso da inteligência e a iluminação dos princípios cristãos, é possível um novo estilo de administração dos bens, não só para o bem-estar pessoal, mas, principalmente, para o bem comum. Quem acredita faz uma economia de comunhão, sem exclusão.
*BISPO DIOCESANO DE JOINVILLE