História dos Voluntários
Introdução
Alberto:
Não é somente uma festa. Na vida do ser humano normalmente os 50 anos demarcam uma data importante: examina-se o que aconteceu; faz-se um balanço e projetos para o futuro.
Faremos o mesmo no nosso cinqüentenário?
Etta:
Claro. Este momento é importante para todos os voluntários. Alguns aqui presentes participaram desta aventura desde o início; outros chegaram mais tarde e outros – como nós dois, por exemplo – há 50 anos nem tínhamos nascido. Porém, o que nos une é pertencer à mesma família e ter recebido o mesmo chamado a ser voluntários.
Alberto:
Isso mesmo. Contudo, para fazer parte de modo consciente de uma família, habitualmente é preciso conhecer a sua história e perguntar, por exemplo: de onde viemos? Como os nossos pais se conheceram? Quem eram os nossos parentes mais antigos?
Etta:
A mesma coisa, em certo sentido, vale para nós, voluntários. E é natural então se perguntar: como tudo nasceu? Quem colocou as primeiras pedras? Onde, como e quando conseguimos ser o que somos hoje?
1º Capítulo
BUDAPESTE 1956
A CENTELHA
Etta:
Há 50 anos, exatamente aqui, em Budapeste, se acendeu a primeira centelha da nossa história. Mas o que aconteceu exatamente? Como ocorreram os fatos da Hungria?
Alberto:
Era o dia 23 de outubro de 1956. Começou um protesto pacífico por parte dos estudantes reivindicando a liberdade. Alargou-se a seguir ao povo e se transformou numa revolução. Naqueles dias, emergiram os valores da fraternidade e da solidariedade que estavam adormecidos no profundo da alma das pessoas.
Nos primeiros dias de novembro o exército soviético invadiu Budapeste e todo anseio de liberdade foi reprimido no sangue. O mundo ficou paralisado, incrédulo.
Etta:
Neste clima o papa Pio XII fez um dramático apelo, que recebeu a resposta de Chiara, que deu início à aventura dos voluntários e das voluntárias.
Voz de Pio XII na mensagem radiofônica:
«Deus! Deus! Deus! Que ressoe este inefável nome, fonte de todo o direito, justiça e liberdade, nos parlamentos e nas praças, nas casas e nas oficinas, nos lábios dos intelectuais e dos trabalhadores, na imprensa e na rádio. O nome de Deus como sinônimo de paz e de liberdade seja a bandeira dos homens de boa vontade».
Voz de Chiara (Congresso Gen 2, janeiro de 1976):
Será possível que existam no mundo pessoas que se dêem totalmente pelas causas que não são a causa absoluta, que não é Deus, e dêem a própria vida, morram, se sacrifiquem por isso, etc. e não existam cristãos que, voluntariamente, se doem a Deus para levá-lo ao mundo? A ponto de o papa gritar ao mundo: “Deus, Deus, Deus...”. Esta foi como que a centelha. Ali nasceu uma chama e alguns tomaram essa decisão: “Nós queremos ser esses voluntários”, isto é, os voluntários de Deus».
Etta:
Num artigo, publicado em janeiro de 1957 na revista Città Nuova, Chiara vislumbra neste dramático momento histórico uma urgência que deve encontrar uma resposta.
Leitora:
Houve uma sociedade capaz de eliminar o nome de Deus, a realidade de Deus, a providência de Deus, o amor de Deus do coração dos homens. Deve existir uma sociedade capaz de recolocá-lo em seu lugar.
(...) É preciso que surjam autênticos discípulos de Jesus no mundo, não só nos conventos. Discípulos que voluntariamente o sigam, impelidos só por um amor luminoso por Ele, nesta hora tenebrosa, e pela sua Igreja. (...) Um exército de voluntários, porque o amor é livre.
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