quarta-feira, 14 de abril de 2010

VOLUNTARIFEST – 14/09/2006 - Pílula 2

Trento 1943-44 - A primeira semente - O AMOR PELA HUMANIDADE

Etta: Portanto, em Budapeste surgiu a primeira centelha e dali foram colocadas as primeiras pedras da nossa história. Na realidade, a nossa história como voluntários começou antes, com Chiara, em Trento, durante a Segunda Guerra Mundial.

Alberto: Desde os primeiros tempos de Ideal Chiara sentiu imediatamente um forte impulso de correr ao encontro da humanidade. Trento foi várias vezes atingida pelos bombardeios: o sofrimento das pessoas, os lutos, a pobreza fustigavam a cidade ferida. Chiara e as primeiras companheiras ajudavam a todos, socorriam e queriam contribuir para resolver o problema social de Trento.

Etta: Encontraram a resposta no Evangelho. Elas liam o Evangelho nos abrigos antiaéreos, sob as bombas. Vinham em relevo aquelas palavras de Jesus que mais explicitamente falavam de amor: um amor concreto, dirigido a cada próximo, mas que, pelas condições dolorosas da guerra, estava voltado para os mais pobres.

Alberto: Assim a cidade foi dividida em bairros e começaram pelas obras de misericórdia. As ajudas eram cotidianas, pequenas e grandes, alimentadas por contínuas intervenções da providência. Desse amor evangélico nasceu o desejo de uma maior justiça social.

Leitora: Eu penso que a nossa experiência, de quando Jesus no nosso meio “multiplicava os pães”, digamos, para ajudar a resolver o problema social de Trento, era uma manifestação do desígnio dos voluntários, como a primeira semente.

Alberto: Em Trento, naqueles anos, Chiara conheceu uma pessoa que se tornou uma figura emblemática da nossa história: Duccia Calderari.

O seu pai era dono de um banco da cidade; ela trabalhava como assistente social e enfermeira, colaborava com os antifascistas, que lutavam pela liberdade. Um deles era Gino Lubich, irmão de Chiara. Foi através dele que Duccia conheceu Chiara.

Etta: Este encontro foi determinante para Duccia, que compreendeu imediatamente a potência revolucionária do carisma. Seguiu Chiara com radicalismo e ficou ao lado das primeiras focolarinas para ajudar os mais necessitados. É o que testemunha também um episódio, um fato extraordinário, fruto do Evangelho vivido, que eram numerosos naqueles anos de guerra.

Vídeo - Duccia:

“Meu tio me deu um par de sapatos para dar a um pobre. Ele os tinha comprado para si, mas infelizmente estavam apertados e portanto não lhe serviam. Pensei em levá-los logo para Chiara, porque com as suas companheiras encontravam os pobres todos os dias. Naquele dia, porém, não encontrei nenhuma delas. Dado que estava com pressa, coloquei-os num embrulho e debaixo do braço e me encaminhei para o hospital. Encontrei justamente Chiara, que estava saindo de uma igreja. “Que bom ver você Chiara – lhe disse – trago um par de sapatos nº. 42 para um dos teus pobres”. “Fico mesmo feliz – me respondeu –, pois precisava deles”. Eu não sabia que pouco antes, Chiara, com as suas companheiras, tinha pedido um par de sapatos masculinos nº 42 para Jesus num pobre.

Alguns anos depois – ela já estava em Roma – fui procurá-la, disposta a fazer o que ela me sugerisse. Ela me disse logo: “Não, a tua via não é aquela do focolare. A tua vocação é a do bom samaritano. Deves viver no teu ambiente e levar o Evangelho ao teu ambiente”.

Alberto: Em 1948 Chiara conheceu Igino Giordani.

Giordani era uma personalidade de vasta experiência cultural, social, política e eclesial. Escritor, jornalista, deputado no Parlamento. Ficou logo impressionado com Chiara e no carisma encontrou a resposta para o seu anseio de santidade e de realização da mensagem evangélica no social. Ele, tão importante e maduro, seguiu Chiara com a pureza de uma criança: mais tarde o chamaremos de Foco.

Exatamente naqueles primeiros tempos houve um encontro significativo de Chiara e Foco com Duccia.

Etta: Sim, Duccia nos contou como foi este encontro, dizendo que pouco tempo depois foi chamada para trabalhar com Foco em Roma. Chiara percebeu neles algo que os fazia semelhantes: o amor dos dois pela humanidade.

Leitora: Para nós Foco sempre simbolizou a humanidade. Ele mantinha a nossa alma aberta para toda a humanidade, que impedia qualquer forma de reclusão, limitação. Ele, realizando o “tipo” do leigo, foi a razão do desenvolvimento do Movimento, em muitos dos seus aspectos. (...) Mas sobretudo Giordani foi a semente de toda a parte leiga do Movimento dos Focolares. Foi por ele que o Movimento sentiu a vocação particular para permear as realidades humanas do espírito de Deus.

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