INTERVENÇÃO DE CHIARA - Mensagem para o Voluntarifest
Caríssimas voluntárias e caríssimos voluntários de Deus,
As minhas calorosas boas-vindas a todos vocês que, ao festejarem 50 anos de vida, marcaram um encontro “histórico”, vindo até aqui de todos os ângulos do planeta. Por quê? Para testemunhar, com a própria vida, um chamado pessoal de Deus. Vocês já reviram a sua história e compreenderam que esta vocação nasceu de circunstâncias externas – a Revolução Húngara – e por inspiração do Espírito Santo. Muitas coisas mudaram nesses 50 anos, para a Hungria, para a Europa, para o mundo, mas a meta que propus na época: «compor um bloco de homens de todas as idades, raças, condições, unidos entre si pelo vínculo mais forte que existe: o amor recíproco; amor que funde os cristãos numa unidade divina indestrutível, apesar dos ataques do humano e do mal», permanece atual. E permanecerá sempre assim, em sociedades sem uma orientação precisa como as nossas e cheias de sonhos e de potencialidades.
Neste quadro exigente, mas repleto de luz e de esperança, a vocação do voluntário é estupenda e jamais será suprimida pelos eventos. Por isso agradecemos a Deus por tê-los chamado a viver uma vocação tão totalitária, tão livre, tão essencial.
Vocês, como leigos, vivem nas condições normais da vida familiar, profissional e social, e justamente por isso são chamados a edificar, como o fermento na massa, o Reino de Deus no mundo.
Sim, justamente mergulhando nas coisas do mundo é que vocês se fazem santos. E oferecem à Obra de Maria inteira algo magnífico, porque trabalham para clarificar o mundo, não só para continuar a criação de Deus, mas também a redenção das coisas. Com o esforço que fazem e com o próprio trabalho, podem contribuir para criar os “céus novos” e a “terra nova”. Cristo, de fato, junto com o cosmo, redimiu também as obras do homem, que permanecerão, se forem edificadas no amor.
Caríssimos voluntários, vocês responderam livremente a Deus e essa é a “essência” da sua vocação. Dia após dia, vocês renovam essa escolha radical, segundo os compromissos escritos no seu Regulamento, no espírito da Obra de Maria.
Esse caminho, devido à espiritualidade da unidade, que os anima, é percorrido como um corpo. Nesta época, o Espírito Santo convida com força os homens a caminharem juntos, ao lado de outros homens. Aliás, convida a serem “um só coração e uma só alma”, porque “nisso conhecerão que sois meus discípulos”. Foi essa característica que distinguiu a mais antiga comunidade de Jerusalém, que nasceu ao redor de Maria e dos Apóstolos. Foi isso que os primeiros cristãos testemunharam e vocês, no Século XXI, são chamados a imitá-los.
Com vocês, deverá despontar uma santidade coletiva, uma multidão que se santifica, porque os leigos são multidões e vocês podem conduzi-las à santidade. Hoje o mundo precisa de homens dignos de crédito, construtores de uma humanidade nova nos vários âmbitos da sociedade.
Quem pode realizar isso, a não ser Jesus entre nós, o único capaz de construir um mundo novo? É Ele que ainda hoje atrai os corações. Ele os funde numa unidade divina, unidade garantida por Jesus no meio com toda a Obra e por Jesus entre todos vocês. Por isso, é essencial a participação na vida do núcleo, para serem sempre iluminados por Ele em cada circunstância da vida.
Se a meta é a unidade, o segredo para realizá-la sabemos qual é: Jesus crucificado e abandonado.
Jesus, que no seu grito de abandono fez-se “nada” e fez-se tudo para todos, a fim de alcançar cada homem, não é uma figura distante, inatingível, pelo contrário, se oferece como modelo a ser amado e seguido na vida cotidiana para que possam ser verdadeiros voluntários, voluntários daquele Deus Amor que se manifestou em Jesus abandonado.
Sim, é com Jesus abandonado, amado em cada sofrimento, em cada trauma, em cada injustiça, e com Jesus entre vocês que poderão plenificar-se de Deus, de Sabedoria, para serem guiados por Ele ao governarem as coisas humanas.
Nesses dias, as suas experiências, melhor do que qualquer outra palavra, certamente farão emergir a riqueza de um amor vivido muitas vezes com heroísmo, outras no silêncio, por homens e mulheres que, sem distinção de idade, raça e cultura, tornam visível a presença do Ressuscitado.
Com vocês e com todos os membros da Obra de Maria, cresce e amadurece um povo novo, o povo da unidade, que transmite um novo paradigma cultural. De fato, já podemos entrever o Espírito de Deus soprar em todas as coisas: na arte, na economia, na política, no direito, nas diversas ciências, transformando tudo. E vocês, usufruindo os tesouros de luz, que jorram do Carisma, são chamados a dar uma contribuição específica, porque na vocação que vivem se manifesta toda a aspiração por Deus, mas também todo o amor pela criação.
Maria, criatura imbuída de Deus, é especialmente de vocês. Nela, que foi assunta aos Céus também com o corpo, todas as coisas da Terra estão divinizadas. Por meio dela, “flor da humanidade”, toda a criação volta a Deus purificada e redimida.
Acolhamos Maria como Mãe na “nossa casa” para cantarmos com ela o nosso “Magnificat”.
Coragem voluntárias e voluntários, muitos jovens aguardam o seu testemunho, a fim de se encaminharem com vocês pelos caminhos do mundo. Com todos aqueles que os seguirão, almejem realizar o projeto de Deus sobre a humanidade: a fraternidade universal.
Chiara Lubich