sábado, 5 de junho de 2010

VOLUNTARIFEST – 14/09/2006 - Pílula 9

A Atração do Tempo Moderno

Eis a grande atração do tempo moderno:

atingir a mais alta contemplação

e manter-se misturado com todos,

lado a lado com os homens.

Diria mais:

perder-se no meio da multidão,

para impregná-la do divino,

como se ensopa um naco de pão no vinho.

Diria mais:

partícipes dos desígnios de Deus

sobre a humanidade,

traçar sobre a multidão recamos de luz

e, ao mesmo tempo, dividir com o próximo

a injúria, a fome, os golpes, as alegrias fugazes.

Porque a atração do nosso, como de todos os tempos,

é o que de mais humano e mais divino

se possa pensar: Jesus e Maria,

o Verbo de Deus, filho de um carpinteiro;

a Sede da Sabedoria, mãe de família.

EXPERIÊNCIAS QUE EVIDENCIAM DUAS CARACTERÍSTICAS DA VOCAÇÃO:

O RADICALISMO E A LIBERDADE.

Etta: Esta manhã, folheando juntos o álbum da nossa história, repassamos as etapas de uma aventura que podemos chamar humano-divina. Esta tarde, ao invés, vamos mergulhar na nossa vida presente com experiências que evidenciam duas características da nossa vocação: o radicalismo e a liberdade.

Alberto: Chegaram muitos testemunhos dos voluntários do mundo inteiro, que nos tocaram, porque mostram que o Evangelho é verdadeiro e que o Ressuscitado está vivo e presente na História da humanidade, da mesma forma como em cada pequena ou grande história pessoal. É’ impossível apresentá-las todas a vocês, como mereceriam, tivemos que escolher só algumas.

Etta: Estão aqui conosco: Amauri do Brasil, Chiara da Itália e Alberto do México, Daisy e Samir, um casal do Líbano, que conseguiu chegar aqui, apesar das dificuldades. Todos rezamos pelo país de vocês e para que pudessem vir.

Alberto: Daisy e Samir, que conseqüências trouxe à família de vocês a escolha de viver com radicalismo a espiritualidade da unidade?

Daisy: Nós dois nascemos em famílias cristãs praticantes. Conheci o Movimento aos 17 anos, numa Mariápolis e desde então a escolha de viver a espiritualidade da unidade deu sentido a minha vida.

Samir: Conheci o Ideal através de Daisy, quando nos casamos, mas hesitei no início: muitas vezes fazia pouco das pessoas do Movimento para testá-las. No entanto, a morte do meu sogro, um voluntário, abriu os meus olhos para o amor concreto da família da Obra. A partir daquele momento comecei a viver esta espiritualidade com a mente e o coração.

Nos primeiros anos de casados procuramos fixar-nos só em Jesus em nosso meio, primeiro como casal e depois como família, com os nossos três filhos, que, ainda hoje, partilham esta escolha conosco.

Em 1989, durante a guerra do Líbano, a situação era dramática: o conflito longo e difícil semeava morte e destruição em toda a parte com a conseqüente falta de trabalho, fechamento das escolas e repartições. Meu irmão me propôs a transferência com a família, para os Estados Unidos, onde ele vivia. Deste modo, trabalharia lá, na Universidade.

Como docente universitário poderia tirar um ano de licença, por isto aceitamos, preferindo confiar somente em Deus que é Pai e nos guiaria e iluminaria também na nova aventura. Nos Estados Unidos, encruzilhada de raças, vivemos a rica experiência de constatar que povos de culturas e sensibilidades diferentes podem viver juntos.

Daisy: Foi um ano muito intenso e cheio de provações, que nos permitiram, porém, experimentar o imenso amor de Deus por nós e pela nossa família, cada vez mais unida. Muitas vezes nos perguntamos qual seria a decisão mais certa, se voltar para o Líbano ou ficar numa nação que nos oferecia tanto. Nós dois, tínhamos, na verdade, encontrado, cada um seu trabalho e poderíamos obter a nacionalidade americana. Além disto o futuro dos nossos filhos estaria assegurado.

Samir: Por estes motivos a decisão não era fácil. Não sabíamos o que fazer, sentíamos contudo, que não poderíamos abandonar o nosso país, pela situação difícil que estava atravessando. Confrontamo-nos bastante com os filhos e com a família da Obra e decidimos voltar ao Líbano, porque vimos que era vontade de Deus para nós. Estávamos convictos que amar o nosso povo era mais importante que a segurança econômica e as certezas que os Estados Unidos nos poderiam assegurar.

Alberto: Depois desta experiência mudou algo para vocês no regresso?

Daisy: Com certeza! De regresso ao Líbano, a nossa vida mudou profundamente.

Compreendemos, com esta experiência vivida na América, que o critério da felicidade não reside nas circunstâncias externas (o país, a raça, a riqueza, a segurança, a situação social...) mas pelo contrário, no nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo.

Na verdade, na nossa terra vivemos com os muçulmanos e em unidade com toda a Obra conseguimos construir uma fraternidade real com muitos deles, quando voltamos.

Uma vez, até fizemos um encontro na Síria, a nação que estivera em conflito com a nossa. Os relacionamentos eram ainda difíceis e cheios de preconceitos. Mesmo assim, pudemos vivenciar uma profunda conversão. Entendemos que os sírios são nossos irmãos e que devemos dar a vida também por eles.

Os voluntários da nossa região viveram conosco estes novos relacionamentos. Multiplicaram-se os contatos que são cada vez mais enriquecedores.

Alberto: Sabemos que para chegar aqui enfrentaram muitas dificuldades também interiormente. O que nos podem contar hoje?

Samir: Durante o último mês de guerra compreendemos ainda mais o nosso papel como testemunhas do amor entre muçulmanos e cristãos no nosso país. Foi o que aconteceu no Centro Mariápolis onde acolhemos 150 pessoas na maior parte muçulmanos.

Formamos juntos uma família ligada pelo amor e pela fraternidade. Estamos certos de que o nosso papel como cristãos no Oriente Médio não seja apenas estar ali, mas ser uma presença ativa na vida política e nas Instituições governativas.

Atualmente, quando grande parte dos libaneses se encontra cada vez mais angustiada pelo futuro e ainda tenta deixar o país, nós sentimos o amor de Deus que nos acompanha e nos fixa dia após dia na nossa terra, sem que nos preocupemos com o futuro e nos ajuda a comunicar a esperança vivendo a vontade de Deus no momento presente.

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