segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Torres Vedras, Portugal 13/02/2011 09:21 (LUSA)

Alenquer, Lisboa, 12 fev (Lusa)- Longe dos portões do capitalismo, cerca de quinze empresas portuguesas abriram as suas portas à economia de comunhão, uma nova cultura econômica em que, mesmo em tempo de crise, os lucros são em parte repartidos pelos mais carentes.

Três das quinze empresas estão sedeadas no pólo de economia de comunhão de Alenquer, que foi inaugurado em novembro e é o único no país e um dos 35 existentes em todo o mundo.

A economia de comunhão foi lançada no Brasil em 1991 por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos “Focolares”, um movimento religioso que surgiu em Itália nos anos 40, com o intuito de ajudar os mais pobres.

Nem a quebra de lucros decorrente da crise que o país atravessa faz estas empresas baixarem os braços quando se trata de fazer o bem comum.

“Temos as mesmas dificuldades e enfrentamos a mesma concorrência do que as outras empresas, mas pensei em aderir por pensar que, não procurando o lucro só para mim, podia chegar aos outros pelo meu trabalho”, explica José Maria Raposo, empresário e presidente do pólo.

Instaladas na Abrigada com o intuito de criar novos postos de trabalho e desenvolver a freguesia, estas empresas repartem cerca de 20 por cento dos seus lucros por pessoas carentes estabelecem relações laborais com base no princípio da fraternidade.

Na empresa de consultoria de José Maria Raposo, os donativos mensais superiores a um salário mínimo são canalizados para uma família, cujos rendimentos são insuficientes para pagar a universidade dos filhos.

Já a empresa de reciclagem de plásticos e cartão, criada há apenas seis meses, foi à procura de desempregados de longa duração.

“Contratámos um funcionário que estava no desemprego, mas como nos transferimos de Sintra para Alenquer, a nossa preocupação foi evitar que ficasse no desemprego e conseguimos um trabalho como motorista numa outra empresa”, exemplifica o empresário Carlos Cavalcanti.

O pagamento do mesmo salário a um trabalhador com deficiências ou o tratamento dos problemas de alcoolismo de outro são práticas comuns nas quinze empresas, que preferem a integração ao despedimento.

No pólo de Alenquer está ainda instalado um centro de reabilitação, que não só recebe material doado como pratica preços considerados acessíveis para fazer chegar a fisioterapia e outros serviços de saúde à população.

Lusa/Fim

2 comentários:

  1. Na EdC "Economia de Comunhão" o fim está no "Ser humano" e não só nos lucros...( mesmo se eles são importante) e isto faz a diferença!!
    ...conhecer "o Outro", saber de suas necessidades, qualidades, depois naturalmente forma-se "Homens novos" capazes de viver a reciprocidade, também na empresa.
    Vi a "EdC" nascer, crescer... e agora sinto que devemos "formar as novas gerações", começando com os filhos...

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  2. ..eu estava naquela sala, naquele histórico 29/05/1991, na Mariápolis perto de São Paulo,quando Chiara Lubich falou numa 3ª via para a Economia !
    meu marido e eu tinhamos uma pequena empresa de comércio e prestação de serviços de máquinas e móveis de escritório.
    Voltando para casa "entendemos" que uma das primeiras necessidades, seria justamente o que tinhamos para colocar em comum. O material para que começasse funcionar um "pequeno escritório".
    Assim enviamos imediatamente à Chiara um fax, com a relação desse material, que no devido tempo chegou à Mariápolis, como recordo também de Silvia uma voluntária, que já aposentada se colocou a serviço dessa "realidade" que nascia...
    "Se o grão de trigo cai na terra e morre, produz grandes frutos
    quem semeia...mas sabe que, para produzir frutos, a semente deverá consumar-se e morrer"
    a 1ª : as máquinas de escritório que era a nossa principal atividade foram substituídas pelos computadores... foi necessário fechar a empresa.
    Depois no final de 2000, agora já com os primeiros filhos trabalhando..., foi aberta a empresa de informática. No final de 2001, Deus
    leva nosso filho Rafael, aquele que era o "comerciante" num acidente de carro. Então os irmãos resolvem seguir seus caminhos profissionais, e poucos anos depois a empresa encerra suas atividades.
    Mas Deus fecha as portas e abre muitas janelas...do céu, temos certeza que Rafael, acompanha seus 7 irmãos na caminhada e estamos muito felizes com todos eles.
    Emanuel o penultimo acaba de se matricular na USP (engenharia elétrica)

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