terça-feira, 15 de março de 2011
Mãe terra, o que deixaremos para seus filhos?
Segunda-feira, 14 de março de 2011, 16h05
Papa reflete vida dos santos em 2º dia de retiro quaresmal
Nicole Melhado
Da Redação, com Rádio Vaticano (Tradução equipe CN Notícias)
A primeira das três reflexões será baseada na obra “A grande ciência dos santos”, de São Luís Maria de Montfort, como explica o Secretário Prelado da Pontifícia Academia de Teologia, padre François-Marie Léthel, da Ordem dos Carmelitas Descalços.
“O tema da santidade foi sempre o centro dos estudos teológicos. Os santos são grandes testemunhas da santidade da Igreja, e através de seus testemunhos, reflexões e experiências resplandece a luz de Cristo”, destaca padre Léthel.
Santa Teresinha do Menino Jesus, proclamada doutora da ciência do amor por João Paulo II, Anselmo e Tomás de Aquino, são citados no documento Fides et Ratio, que também faz parte das reflexões da semana. Além deles a vida de outros santos da Idade Média e contemporâneos fazem parte das meditações, como a grande mística Concita Armida de Cabrera e a beata Chiara Luce Badano, primeira Beata do Movimento dos Focolares.
O testemunho da jovem Beata Chiara Luce, falecida em 1990, mostra que vocação a santidade é um chamado a todos os cristãos. “Muitas vezes os fiéis pensam que os santos são um pouco como 'extraterrestres', isto é, pessoas sem defeitos, mas não é assim. Os santos eram pessoas como nós, com suas limitações, feridas, que cometeram seus pecados, mas num certo ponto decidiram seguir Jesus até o fim”, esclarece o secretário.
A segunda meditação deste dia será direcionada pelo Totus Tuus, documento cristocêntrico e mariano de Karol Wojtyła, reflexões baseadas no Evangelho de São João tratadas nas cartas aos religiosos e religiosas das Famílias Monfortane de 8 de dezembro de 2003.
Para o padre carmelita, João Paulo II é o Papa da santidade e sua beatificação é o reconhecimento oficial de sua vida santa. “Ele é o Papa que proclamou mais santos e beatos. É o Pontífice que presentou os santos não só como exemplos de perfeição cristã, mas também como teólogos, como conhecedores de Deus, sendo portadores, no mundo de hoje, da luz de Cristo”, ressalta o padre da Ordem dos Carmelitas Descalços.
Assim, a terceira meditação tratará do explendor da caridade, da fé e da esperança vivida por João Paulo II e sua devoção à Virgem Maria.
Durante a semana de exercícios espirituais, todas as audiências com o Papa Bento XVI foram suspensas, inclusive as catequeses realizadas às quartas-feiras. Os exercícios espirituais do Papa serão concluídos no sábado.
“Concluiremos com a Festa de São José, no dia 19 de março. Por isso a última meditação será justamente dedicada a São José, o padroeiro do Batismo do Papa”, diz padre Léthel.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Voluntariado: “De repente Deus fica assustadoramente nítido…”
Inserido em 09-03-2011 13:22
terça-feira, 8 de março de 2011
Em algum lugar do passado
Alguns momentos são de uma graça imensa que só damos conta tempos depois.
Se algum dia me reencontrar com Ginetta gostaria de dizer-lhe: obrigado!
domingo, 6 de março de 2011
Viver o momento presente por CHIARA LUCE BADANO
“Na realidade, o único tempo que o homem possui é o momento presente, que dever ser vivido interiormente, usufruindo-o plenamente. Vivendo assim, certamente o homem sente-se livre, porque não é mais esmagado pela angústia do eu passado e pelas preocupações com o seu futuro. Certamente, conseguir alcançar esse objetivo não é nada simples e requer um esforço constante, dar um sentido a cada ato nosso, grande ou pequeno que seja, em benefício dos outros.”
A clara luz de Chiara Luce - Ed. Cidade Nova - pg. 137
sábado, 5 de março de 2011
Ginetta Calliari: EM DIREÇÃO À SOCIEDADE DO SER
Ginetta Calliari: FESTA NO CÉU: DEZ ANOS DA 'CHEGADA' DE GINETTA
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
CNBB divulga nota sobre ética e programas de TV
O Conselho Episcopal Pastoral da CNBB (Consep) divulgou uma nota no final da tarde desta quarta-feira, 16, manifestando-se sobre o “baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão”. Os bispos citam especialmente os reality shows “que têm o lucro como seu principal objetivo”.
Após destacar a importância da TV para a sociedade brasileira, reconhecida pelo prêmio Clara de Assis de Televisão dado pela CNBB anualmente, os bispos lamentam que “serviços prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral” sejam “ofuscados” por programas como os reality show.
Para os bispos, os reality shows “atentam contra a dignidade da pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira”.
A nota se dirige tanto às TVs quanto ao Ministério Público, aos pais, mães, educadores, anunciantes e publicitários, conclamando cada um desses atores a refletir sobre sua responsabilidade em relação à qualidade dos programas na televisão.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
CONCLUÍDO ENCONTRO DOS BISPOS AMIGOS DOS FOCOLARES
Castel Gandolfo, 15 fev (RV) - Concluiu-se no Centro Mariápoles de Castel Gandolfo, nas proximidades de Roma, o 35° Encontro Internacional dos Bispos Amigos do Movimento dos Focolares.
"Redescobrir os desígnios de Deus hoje", ver no amor de Deus a chave de leitura que abre à compreensão da vontade de Deus que deseja o bem da humanidade, foram as temáticas abordadas no encontro que contou com a participação de 70 bispos provenientes de várias partes do mundo.
Os debates se concentraram sobre o carisma de Chiara Lubich, aprovado pelos Papas dos últimos tempos, carisma que "está profundamente ligado ao carisma do bispo" – disse o Arcebispo emérito de Praga, Cardeal Miloslav Vlk, moderador do encontro.
"A espiritualidade de comunhão emanada do Concílio Vaticano II, todo centralizado na Igreja mistério de comunhão, é vivida pelo Movimento dos Focolares de maneira carismática" – disse o prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet, durante sua visita ao Centro Mariápoles.
Diante dos desafios enfrentados hoje pela Igreja, sobretudo nos países de antiga tradição cristã, mas também em outras partes do mundo, os bispos quiseram mostrar as novas respostas que o Espírito Santo suscitou nos últimos anos, como a comunhão e a colaboração entre novos e antigos carismas, o diálogo ecumênico e inter-religioso, e o diálogo com a cultura leiga. (MJ)
FONTE: RÁDIO VATICANO
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Lisboa, Portugal 13/02/2011 09:21 (LUSA) Temas: empresas, Economia (geral), Sociedade
Fabiane Roque, da agência Lusa.
Rio de Janeiro, 13 fev (Lusa) – Prestes a celebrar 20 anos desde seu lançamento numa cidadezinha no interior de São Paulo, no Brasil, o conceito de economia de comunhão (EdC) resiste, mesmo após a crise internacional e alguns percalços pelo caminho.
“Somos uma empresa como outra qualquer. Temos todos os problemas que as outras têm, mas quando o negócio é formado dentro desta prática de solidariedade, forma-se uma base que sustenta a mudança, a construção de algo melhor”, afirma o empresário Armando Tornelli, da farmacêutica brasileira ProDiet.
Iniciada por Chiara Lubich, em 1991, dentro do movimento dos focolares, que começara durante a segunda guerra mundial em Itália, a economia de comunhão tem como ideal priorizar a partilha e a comunhão dos bens, em detrimento do ideal de acumulação incessante gerado pela economia capitalista, mas sem querer alterar o seu funcionamento.
“Quando veio ao Brasil, a Chiara teve essa intuição, de que era preciso haver uma mudança nos padrões e na cultura do mundo empresarial (...)”, explica Graça Rocha, representante da EdC no Rio de Janeiro.
“Vontade de construção de uma sociedade mais justa sempre houve, o que mais chamou a atenção de Chiara não foi a pobreza em si, mas a grande diferença social, porque não era só a pobreza, mas a diferença social, esse escândalo da desigualdade”, destaca Andreia Cruz, coordenadora do Centro de Estudos em EdC.
Os princípios da EdC, que visam levar mais humanismo à economia, já atingiram 800 países, atraindo adeptos entre os empresários dos mais variados ramos, do setor têxtil ao farmacêutico.
O lucro não é condenado e tampouco se acredita numa maior participação do Estado; a liberdade para escolher ajudar é um dos princípios básicos do sistema.
O professor Roberto Cintra, que tem estudado o tema, explica que as empresas da EdC estão perfeitamente inseridas no sistema capitalista, mas compartilham uma lógica diferente, que valoriza os princípios mais humanos, de doação e partilha.
“O empresário divide os ganhos da empresa primeiramente reinvestindo em seu próprio negócio, em segundo, compartilhando-o com seus funcionários, e finalmente redirecionando uma parte para ajudar os mais necessitados”, explica.
Pedro Cruz, diretor-conselheiro da empresa Femaq, uma das pioneiras da EdC, conta que a primeira medida tomada pela companhia ao aderir ao movimento foi saber quais eram as necessidades de seus funcionários.
Descobriram que a maioria tinha o sonho de ter casa própria. “Percebemos que eles conseguiam até comprar o terreno. Mas depois não havia dinheiro para construir a casa”, lembra.
O que a empresa fez, neste caso, foi criar um fundo com o qual financiou a compra de material para a construção das casas de seus empregados.
“Na Femaq trabalhamos com pessoas muito humildes, foi uma grande realização para eles. O fundo financiava o material, mas a mão-de-obra era deles mesmo, uns ajudando os outros”, destaca.
Para Andrea, do Centro de Estudos Filadélfia, hoje é possível encontrar graus diferenciados de conseguir manter os princípios da Edc. “Mesmo as empresas que passam por dificuldades e adotam apenas parte do projeto, todas são muito válidas. Ainda estamos aprendendo a fazer a Economia de Comunhão”, conclui.
Torres Vedras, Portugal 13/02/2011 09:21 (LUSA)
Três das quinze empresas estão sedeadas no pólo de economia de comunhão de Alenquer, que foi inaugurado em novembro e é o único no país e um dos 35 existentes em todo o mundo.
A economia de comunhão foi lançada no Brasil em 1991 por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos “Focolares”, um movimento religioso que surgiu em Itália nos anos 40, com o intuito de ajudar os mais pobres.
Nem a quebra de lucros decorrente da crise que o país atravessa faz estas empresas baixarem os braços quando se trata de fazer o bem comum.
“Temos as mesmas dificuldades e enfrentamos a mesma concorrência do que as outras empresas, mas pensei em aderir por pensar que, não procurando o lucro só para mim, podia chegar aos outros pelo meu trabalho”, explica José Maria Raposo, empresário e presidente do pólo.
Instaladas na Abrigada com o intuito de criar novos postos de trabalho e desenvolver a freguesia, estas empresas repartem cerca de 20 por cento dos seus lucros por pessoas carentes estabelecem relações laborais com base no princípio da fraternidade.
Na empresa de consultoria de José Maria Raposo, os donativos mensais superiores a um salário mínimo são canalizados para uma família, cujos rendimentos são insuficientes para pagar a universidade dos filhos.
Já a empresa de reciclagem de plásticos e cartão, criada há apenas seis meses, foi à procura de desempregados de longa duração.
“Contratámos um funcionário que estava no desemprego, mas como nos transferimos de Sintra para Alenquer, a nossa preocupação foi evitar que ficasse no desemprego e conseguimos um trabalho como motorista numa outra empresa”, exemplifica o empresário Carlos Cavalcanti.
O pagamento do mesmo salário a um trabalhador com deficiências ou o tratamento dos problemas de alcoolismo de outro são práticas comuns nas quinze empresas, que preferem a integração ao despedimento.
No pólo de Alenquer está ainda instalado um centro de reabilitação, que não só recebe material doado como pratica preços considerados acessíveis para fazer chegar a fisioterapia e outros serviços de saúde à população.
Lusa/Fim
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Centro de estudos e polo empresarial da EdC na África
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Bento XVI ressalta que é preciso encontrar tempo para rezar
Quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011, 12h16
Leonardo Meira
Da Redação
Na Catequese desta quarta-feira, 9, o Papa Bento XVI falou sobre a figura do holandês São Pedro Canísio, jesuíta, doutor da Igreja, e um dos protagonistas da vida eclesial no século XVI, particularmente na Alemanha.
O Papa explicou que a vida cristã cresce graças à oração e a uma profunda amizade com Jesus. Da mesma forma, convidou os fiéis a seguir o exemplo de São Canísio, lutando para ter uma vida moralmente coerente para viver com fidelidade a própria adesão a Cristo.
"A vida cristã não cresce se não é alimentada pela participação na Liturgia, de modo particular na Santa Missa dominical, e pela oração pessoal cotidiana. Em meio às diversas atividades e aos múltiplos estímulos que nos circundam, é necessário encontrar todo o dia momentos de recolhimento diante do Senhor, para escutá-Lo e falar com Ele", salientou.
Acesse
.: Catequese de Bento XVI sobre São Pedro Canísio
O Santo Padre indicou a amizade pessoal com Jesus como uma característica da espiritualidade de São Canísio. "E isso recorda-nos que todo o autêntico evangelizador é sempre um instrumento unido, e por isso mesmo fecundo, com Jesus e com a sua Igreja", afirmou.
Nessa perspectiva, o Pontífice lembrou que o santo holandês foi chamado a revitalizar a fé católica como resposta à reforma luterana, uma missão "quase impossível", definiu.
“Por isso, nos escritos destinados à educação espiritual do povo, o nosso Santo insiste na importância da Liturgia com os seus comentários ao Evangelho, às festas, ao rito da Santa Missa e aos outros Sacramentos, mas, ao mesmo tempo, toma o cuidado de mostrar aos fiéis a necessidade e a beleza que a oração pessoal cotidiana possui nesse sentido e permeia a participação no culto público da Igreja", explicou.
A sua exortação a colocar a oração no centro da vida de fé foi proposta novamente pelo Concílio Vaticano II, em particular na Constituição Sacrosanctum Concilium. "Não pode haver alma solícita da própria perfeição que não pratique diariamente a oração, a oração mental, meio ordinário que permite ao discípulo de Jesus viver a intimidade com o Mestre divino", defendeu.
Com relação aos difíceis anos da Reforma Protestante, o Papa explicou que São Canísio teve a sensibilidade de distinguir a apostasia consciente e culpável da perda de fé inculpável, chegando a declarar que a maior parte dos alemães que passaram ao protestantismo o fizeram sem culpa.
"Ele ensina com clareza que o ministério apostólico é incisivo e produz frutos de salvação nos coração somente se o pregador é testemunha de Jesus e sabe ser instrumento á sua disposição, a Ele estreitamente unido pela fé no seu Evangelho e na sua Igreja, através de uma vida moralmente coerente e de uma oração incessante como o amor. E isso vale para todo o cristão que deseja viver com compromisso e fidelidade a sua adesão a Cristo", subinhou.
Bento XVI também disse que São Canísio foi um dos primeiros a formular o direito à liberdade religiosa.
"Em um momento histórico de fortes contrastes confessionais, evitava – isso era algo extraordinário – a aspereza e a retórica da ira – algo raro naqueles tempos nas discussões entre cristãos, tanto de uma quanto de outra parte – e buscava somente a apresentação das raízes espirituais e a revitalização de todo o corpo da Igreja".
A audiência
O encontro do Bispo de Roma com os fiéis reunidos na Sala Paulo VI aconteceu às 7h30 (horário de Brasília - 10h30 em Roma). O Papa continua uma breve série de encontros para completar a apresentação dos Doutores da Igreja, no contexto de Catequeses dedicadas aos padres da Igreja e grandes figuras de teólogos e mulheres da Idade média.
Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
"Para todos a minha saudação amiga e encorajadora! Antes de vós, veio peregrino a Roma Pedro Canísio para invocar a intercessão dos Apóstolos São Pedro e São Paulo sobre a missão que lhe fora confiada na Alemanha, o seu campo de apostolado mais longo. No seu diário, descreve como aqui sentiu a graça divina que fazia dele um continuador da missão dos Apóstolos. Como ele, todos nós, cristãos, somos enviados a evangelizar, mas para isso precisamos de permanecer unidos com Jesus e com a Igreja. Sobre vós e a vossa família, desça a minha Bênção".
Saudando os peregrinos poloneses, recordou que na próxima sexta-feira, 11, celebra-se a memória de Nossa Senhora de Lourdes e o Dia Mundial do Doente. "Na oração, confiamos à Mãe Imaculada os doentes e quantos, com amor, se colocam ao seu serviço nos hospitais, nas casas de cuidado e nas famílias. Vemos nos rostos dos doentes o rosto de Cristo sofredor".
Em italiano, saudou aos bispos participantes do encontro promovido pelo Movimento dos Focolares e aos membros da associação Novos Horizontes, que foi há pouco reconhecida como associação internacional de fiéis pelo Pontifício Conselho para os Leigos.
Assista à Catequese na íntegra
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Vida consagrada deve "penetrar mais a fundo" no mistério de Deus
Quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011, 09h47
Leonardo Meira
Da Redação, com L'Osservatore Romano (em italiano - tradução de CN Notícias)
Desde o último dia 4 de janeiro, Dom João é o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica*.
"A descoberta, através da experiência, de que Deus é amor e que nós somos criados à Sua imagem, poderá levar também os consagrados e as comunidades a afirmar: 'O outro, a outra, para mim, é uma oportunidade constante de experimentar a Deus, de experimentar o amor'", afirma.
Neste dia 2 de fevereiro, data litúrgica da Apresentação do Senhor no Templo, a Igreja comemora o Dia da Vida Consagrada.
Em entrevista ao jornal do vaticano L'Osservatore Romano, Dom João fala sobre o cenário atual da vida religiosa no mundo, com seus desafios e esperanças, suas experiências pessoais com movimentos eclesiais e laicais - especialmente os Focolares -, autonomia e dependência entre bispos e religiosos e o papel desempenhado pelos religiosos no desenvolvimento da teologia da libertação.
L'Osservatore Romano: O senhor não pertence a uma congregação religiosa. Acredita que isso possa ser algum tipo de barreira para o novo serviço que lhe espera?
Dom João Braz de Aviz: É a mesma observação que fez o Cardeal Tarcisio Bertone em 14 de dezembro passado, quando me chamou em nome do Papa. O secretário de Estado me respondeu dizendo que isso não criava nenhum problema. De fato, eu não pertenço a nenhum instituto religioso, ainda que tenha estudado sete anos no seminário menor do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime), em Assis, no Estado de São Paulo, de 1958 a 1964. Desde então, tive estreito contato com o Movimento dos Focolares e me aproximei das ordens e congregações cujos membros se inspiram na espiritualidade da unidade.
LOR: Teve contatos ou experiências com outros movimentos eclesiais e laicais?
Dom João: O movimento dos Focolares é a minha família desde quando tinha dezessete anos. Através da sua espiritualidade, em todas as dioceses onde estive – Vitória, Ponta Grossa, Maringá e Brasília –, sempre trabalhei pela unidade dos carismas, das comunidades e das associações, como resposta às preciosas orientações dadas por João Paulo II na carta apostólica Novo millennio ineunte.
LOR: Nos últimos anos, em particular após o Concílio Vaticano II, alguns sublinharam a crise da vida consagrada. De qual tipo de crise se trata?
Dom João: O Concílio Vaticano II pediu às ordens e congregações religiosas uma "atualização", que comportasse uma revisão das regras e das constituições, frente às novas circunstâncias culturais e históricas do século passado. O retorno às fontes, ou seja, ao coração do carisma dado à Igreja pelo fundador, e a atenção às novas circunstâncias, que comportavam diferentes sensibilidades, ofereceram a muitas famílias religiosas a oportunidade de se renovar e adquirir posterior vigor, com abundantes frutos. Hoje, várias ordens e congregações estão assistindo a uma diminuição das vocações, ao envelhecimento de seus membros e, em muitos casos, a uma diversidade de orientações no interior da própria família religiosa. Por outro lado, a influência do individualismo e do relativismo do nosso tempo alcançou, ao menos em parte, também alguns âmbitos da vida consagrada, diminuindo o seu vigor. Penso que seja, sobretudo, necessário penetrar mais a fundo no mistério de Deus, para poder renovar as relações. Nesse sentido, a carência teológica e mística de uma experiência da Santíssima Trindade como fonte da comunhão, levou a afirmações negativas sobre a vida comunitária. É o caso, por exemplo, dos consagrados que dizem: "A minha máxima penitência é a vida comum". A descoberta, através da experiência, de que Deus é amor e que nós somos criados à Sua imagem, poderá levar também os consagrados e as comunidades a afirmar: "O outro, a outra, para mim, é uma oportunidade constante de experimentar a Deus, de experimentar o amor".
LOR: A reafirmada autonomia das congregações religiosas com relação aos ordinários locais frequentemente levou, no passado, a recíprocas incompreensões. As visitas pastorais dos Pontífices, nos últimos trinta anos, contribuíram, de alguma forma, para melhorar as relações com os bispos?
Dom João: O sábio e atento magistério dos últimos Pontífices revelou uma base segura de caminho eclesial em um momento de novas descobertas e novas experiências. Autonomia e dependência são valores humanos que não podem ser compreendidos e construídos somente com critérios sociológicos. A experiência da fé faz-nos compreender e viver esses valores a partir do critério da comunhão, que tem as suas raízes no mistério da unidade e da trindade de Deus. Quando autonomia e dependência tornam-se experiência de amor, obediência e autoridade se equilibram e suscitam grande alegria interior.
LOR: Acredita que o "calcanhar de aquiles" das vocações seja expressão de um momento passageiro, ainda que difícil, ou é sinal sério de alarme para o futuro?
Dom João: Não são somente os religiosos e as religiosas que experimentam a diminuição das vocações. Trata-se de um fenômeno mais amplo e que não se manifesta de modo idêntico nas diversas partes do mundo. A Europa sente, de maneira particular, esse problema. À medida que a fidelidade dos batizados à sua vocação de discípulos crescer e, ao mesmo tempo, o seu testemunho for dado em comunhão com outros carismas e realidades da Igreja, a vitalidade reaparecerá.
LOR: A vida consagrada, no Brasil, teve um papel importante para o desenvolvimento e a evolução da teologia da libertação. Como o senhor viveu este longo tempo de pesquisa teológica e pastoral?
Dom João: A opção preferencial pelos pobres é uma opção evangélica da qual dependerá, antes de tudo, a nossa salvação. A sua descoberta e a sua construção por parte da teologia da libertação significaram um olhar sincero e responsável da Igreja ao vasto fenômeno da exclusão social. João Paulo II afirmou à época – através de carta enviada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e entregue ao Cardeal Gantin – que a teologia da libertação não é somente útil, mas também necessária. Naquele tempo, as duas instruções enviadas por Roma sobre o tema corrigiam questões ligadas ao uso do método marxista na interpretação da realidade. Penso que ainda não foi suficientemente completado o trabalho teológico para desvincular a opção pelos pobres da sua dependência de uma teologia da libertação ideológica, como advertiu recentemente Bento XVI. Um dos caminhos mais promissores, penso, consiste em aplicar à interpretação da realidade a antologia e a antropologia trinitárias. Pessoalmente, vivi os anos de nascimento da teologia da libertação com muita angústia. Estava em Roma para estudar teologia. Por pouco não abandonei a vocação sacerdotal e até mesmo a Igreja. O que me salvou foi o compromisso sincero com a espiritualidade da unidade no movimento dos Focolares. Os religiosos e as religiosas, com a radicalidade da sua vocação evangélica, poderão colaborar muito neste novo percurso.
LOR: O que podem esperar as irmãs e os religiosos da sua ação de governo e orientação?
Dom João: A vida consagrada é uma pérola de enorme valor. As ordenas e as congregações religiosas são palavras do Evangelho distribuídas ao longo de toda a história da Igreja. Das grandes experiências religiosas, nasceram famosas escolas de espiritualidade e, dessas, importantes escolas de teologia. A fidelidade aos fundadores e a comunhão profunda com a Igreja poderão devolver à vida consagrada um maior esplendor no serviço à própria Igreja e à humanidade.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
BIG BROTHER BRASIL (Luiz Fernando Veríssimo)
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O papa e a camisinha
Papa aprova a camisinha. A manchete correu o mundo e sugeriu uma forte guinada na Igreja Católica. Será? O que, de fato, disse Bento XVI, um papa que surpreende e incomoda? Vamos lá. "Concentrar-se apenas no preservativo equivale a banalizar a sexualidade, e é justamente esta banalização o motivo de tantas pessoas não enxergarem na sexualidade uma expressão do amor, e sim uma espécie de droga, que aplicam a si mesmas", afirmou o papa. E, a modo de concretização, deu o matiz que alimentou a manchete: "Pode haver certos casos em que o uso do preservativo se justifique, por exemplo, quando uma prostituta usa um profilático. Este pode ser o primeiro passo no sentido de uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade, consciente de que nem tudo está perdido e não se pode fazer tudo aquilo que se deseja".
As declarações do papa Bento XVI constam de uma entrevista ao jornalista e escritor alemão Peter Seewald. A conversa desembocou no livro A Luz do Mundo, o Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos - Uma Conversa com Bento XVI. O comentário sobre o uso da camisinha ganhou as manchetes do mundo inteiro. A contextualização da mídia foi quase unânime: a Igreja mudou e o papa, finalmente, assumiu uma posição produtiva no combate ao avanço da aids.
O papa não mudou. E a Igreja continua a mesma. Explicitou o óbvio: o papa simplesmente lembra que, além de uma desordem sexual, pode haver concomitantemente um risco de atentado contra a vida de outra pessoa, e sem que isso absolva a desordem sexual, que continua a ser uma desordem, pode tornar-se prioritária a obrigação moral de cumprir o quinto mandamento: "Não matarás".
Como lembrou o jornalista Reinaldo de Azevedo, em seu blog na revista Veja, "o uso da camisinha é um aspecto de uma doutrina maior que diz respeito ao amor e à sexualidade. Pode-se achar errado, contraproducente ou irrealista o pensamento da Igreja, mas não se deve tomar a parte pelo todo. É estúpido afirmar que a Igreja "é contra a camisinha"; esta é tomada apenas como um sinal do que ela considera a banalização do sexo. Mas ainda não se chegou ao essencial".
"A camisinha", pondera, "é condenada como a evidência material de uma decisão que é de natureza moral. Para a Igreja, se há uma relação sexual amorosa, entre cônjuges, que convivem num clima de fidelidade e confiança, o preservativo não se explica. "Ah, mas isso também é polêmico!" Pode até ser, mas a polêmica é outra. É estúpido afirmar que a opinião da Igreja sobre a camisinha contribui para disseminar a aids pela simples e óbvia razão de que, seguidas as suas recomendações, a transmissão do vírus pela via sexual seria zero."
"O que não é aceitável é que os indivíduos se esqueçam da Igreja ao ignorar a castidade antes do casamento e a fidelidade no matrimônio para argumentar que seguiram a sua recomendação só na hora de evitar a camisinha. Essa falácia lógica é repetida mundo afora por inimigos da Igreja e comprada pelo jornalismo sem questionamento", conclui Azevedo.
É patente que, na hora atual, vivemos numa encruzilhada histórica em que são incontáveis os que parecem andar pela vida sem norte nem rumo, entre as areias movediças do relativismo e os nevoeiros do niilismo. O papa tem plena consciência dessa situação e, em vez de sentir a tentação daqueles teólogos que aspiram aos afagos do mundo para dele receberem diploma de "modernos" e "progressistas", entrega a vida pela verdade que pode resgatar este mundo, sem se importar minimamente com que o chamem de retrógrado, conservador e desatualizado.
Recusa-se o papa a aceitar a nova "cultura da morte", a do aborto, a do infanticídio, a da eutanásia. E, igualmente, a cultura da morte do amor entre o homem e a mulher, da destruição do casamento e da família, minados pela idolatria do prazer sexual espanado. Por isso denuncia sem tréguas a cultura hedonista, que, além de matar os inocentes incômodos, leva cada vez mais jovens ao afundamento pessoal no abismo do álcool, das drogas e da depressão psicológica de uma vida sem sentido.
Ou será que querem um papa que deixe de ser cristão para ser mais bem aceito? Pretendem que, perante esse deslizamento do mundo para baixo, com a glorificação de todas as aberrações ideológicas e morais, o papa exerça a sua missão acompanhando a descida, cedendo a tudo e se limitando a um vago programa socioecológico, a belos discursos de paz e amor e a um ecumenismo em que todos os equívocos se possam abraçar e congraçar, porque ninguém acreditaria mais em coisa alguma, a não ser em "viver bem"?
E os católicos? E os jovens católicos que vibram com o papa e depois seguem a onda da cultura hedonista? O que dizer desses católicos? Não há aí um fracasso?
Uma resposta válida, mas excessivamente simplista, seria dizer que são filhos do seu tempo. Uma resposta mais profunda exige algo mais, ainda que seja penoso recordá-lo. Várias gerações de jovens católicos foram traídas por muitos daqueles que, detendo a autoridade educativa na Igreja (padres, bispos e cardeais), se deixaram enfeitiçar pela embriaguez da "modernidade" e, no anseio de "dialogar com o mundo moderno", a única coisa que fizeram foi capitular diante dos equívocos do mundo e deixar os jovens a eles confiados mergulhados num mar de incertezas. Esqueceram que a juventude, capaz de vibrar com desafios exigentes, é refratária às propostas de um cristianismo light.
O ímã do papado, do atual e de todos, reside, como disse alguém, num enigma: o papa, como tal, representa não, em primeiro lugar, um grande entre os grandes da Terra, mas o único homem no qual milhões de pessoas veem um vínculo direto com Deus, o vigário de Cristo na Terra. Esse é, de fato, o cerne do fenômeno. Por isso o papa será sempre manchete de capa.
DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO E-MAIL: DIFRANCO@IICS.ORG.BR